Acordar de manhã, sem ânimo e com um pouco de tristeza, os
olhos ainda pesados e sonolentos, foi quando passou por mim, na rodovia, um
caminhão imenso, com uma mercadoria coberta por uma lona vermelha, e nela
estava escrita a primeira palavra que vi aquele dia: HAPPINESS. Sorri para ela
e segui meu caminho.
Seria uma mensagem do universo? Não sei responder, apenas
que me dei conta que era apenas a primeira palavra do dia, carregada de
vitalidade e que me roubara um sorriso tímido.
Por quantos caminhos diferentes aquela “Felicidade” havia
passado? Será que o homem que trabalhava em sua lavoura viu esta palavra? Outra
questão que não sei responder, mas garanto que aquelas crianças, que brincavam
sob um ipê amarelo em flor, viram essa palavra deslizar pela estrada e sumir
pelas montanhas capixabas, resguardadas por aquele cálido pôr-do-sol de
inverno.
E quais as palavras que alguém enxerga pela manhã? Algumas
pessoas acordam, ligam seus computadores e logo vêem “Windows”, um janela para
outro mundo, distante e próximo ao mesmo tempo.Outras vêem a campanha política
em frente suas janelas, essas promessas de administrar a vida pública,
promessas são válidas, desde quando não se tornam compromissos. Outras pessoas vêem
marcas de celulares, já que eles são seus despertadores... um longo adeus aos
velhos e barulhentos despertadores com seus relógios analógicos... outras
acordam e não vêem apenas uma palavra, mas sim muitas, são escritoras natas..
Quanto a mim, algo mudou definitivamente, a alma ficou mais
leve, porém reflexiva. Se que agora ao acordar todos os dias prestarei mais
atenção à palavra do dia, ao que essa força vital quer sussurrar aos meus
ouvidos, e qual caminho deve seguir. Quantas mensagens nos são direcionadas e
nem sequer estamos com os portões da alma abertos para elas.
E quanto a HAPPINESS? Bem, ela seguiu seu destino, espero
que seja uma linda cidade do interior, onde as pessoas viviam calmamente, e onde
transforme os salgueiros-chorões em salgueiros-lutadores.
HAPPINESS é constante e nem um pouco inerte, palavra móvel
esta que seguiu caminho e espero que a muitos tenha contaminado, roubando sorrisos,
beijos e promessas de dias coloridos.
domingo, 22 de julho de 2012
Young Blood
Às vezes o mundo exige de mim uma maturidade que eu sei que
não tenho. Então me questiono sobre qual a idade que realmente tenho, e sobre o
que aprendi durante todo este tempo.
O que os anos
realmente trazem? Posso dizer que eles aumentam meu mudo interior, cada dia
mais e mais coisas se agregam a ele, e em certos momentos eu preciso navegar
por seus mares e desbravar suas florestas. Preciso de um tempo onde possa ouvir
minha própria voz interior. Sempre foi assim, eu um anarquista de idade real e
do tempo.
A vida nos dá mais questionamentos do que respostas, e isso
não mudará. E assim paro para tentar
soluciona-los e o tempo passa por mim. As pessoas se casam e tem filhos, perdem
seus cabelos por algum tipo de cansaço, adquirem rugas de sofrimento, ganham
uma má forma, pois não caminham, não se exercitam, andam apenas de carro. Têm
seus empregos perfeitos, dinheiro para viajar e adquirir bens materiais e
deixam de almejar as coisas, às vezes deixam de sonhar. E definitivamente, eu
não sou assim. Minha alma investigadora, minha alma de artista e de sonhador
nunca se contenta com a inércia. Sendo assim, por onde ando carrego comigo essa
impressão de deslocamento.
Repostas são duras de encontrar, são enterradas pela vida
como diamantes preciosos. Mas quanto mais escondidas estas pedras preciosas,
mas este pirata quer tê-las pra si. Posso dizer que até hoje encontrei
aprendizados.
O que aprendi nesses anos todos? Na verdade aprendi a ser
compreensivo, o que é um grande feito, saber ler e reler este livro profundo
que é a vida. Hoje sou capaz de definir certas coisas das quais antes não tinha
ciência.
Aprendi que alguns amigos se vão pra nunca mais voltar,
outros você irá brigar sempre e perdoar, e há aqueles que você não fala há
muito tempo, mas te tratam como se tivessem te visto ontem, esses são meus
favoritos. Aprendi a aceitar o tempo de cada um deles, que não se comunicar
sempre não quer dizer que alguém não esteja no coração, às vezes pode estar
mais que antes. Exigir atenção sempre é sinal de egoísmo para compensar um medo
interno da solidão, uma incerteza de lidar com os próprios problemas e com a
realidade sufocante.
Aprendi que família é uma espécie de porto, esperando os
barcos que vêm e vão, sobrevivendo às mais diversas tempestades, mas eles que
permanecem ali. Atracadouros de nossa existência.
Aprendi que os amores são efêmeros, há não ser os de alma.
Cada um deles uma estrela, sem uma grande quantidade delas a noite perde sua
beleza, mas há aquela estrela que cai, outra que brilha mais forte e depois se
apaga, e a outra que continua a emitir sua luz por anos e anos.
Aprendi que tentar vale mais que tudo. Tristes almas que não
sabem ver isso, logo se cansam, acham a vida pesada de demais e logo comentem o
maior ato de covardia: o suicídio.
Aprendi que a vida nunca será fácil, ela nos lapida,
selecionando os melhores e mais fortes. Afinal cada dia é um milagre já que
muito pode nos ocorrer. Corro riscos todos os dias ao levantar da cama. E com
essa seleção muitos perdem a capacidade de sonhar, perdem o brilho no olhar que
tinham quando crianças. Aos poucos perdemos nossa inocência, isto é inevitável,
nascemos com ela, mas a perdemos tal como virgindade de sexo. Ficamos mais
espertos cada um a seu jeito, mas a ternura do olhar não deve nunca fugir pelos
caminhos percorridos, deve ficar a espera confiante e certa, tal como as
crianças esperam pelo Bom Velhinho na noite de Natal.
Aprendi que é normal do ser humano julgar e ser julgado. Que
não importa o que você faça, o quanto se esforce por algo, haverá sempre aquele
que esconderá sua incapacidade de fazer o mesmo, ou melhor, sob uma parede de
palavras duras, sórdidas, espinhos que sangram a mão de quem carrega uma rosa.
Aprendi que há uma força superior. Algo que nos impulsiona
por esta jornada, que nos proporciona as vivências que temos que ter. Cada
cultura na Terra tenta lhe definir, mas é algo maior demais para ser contida em
uma palavra ou conceito advindo de nós seres tão limitados.
Talvez sejam esses aprendizados as respostas que busco,
algumas delas. Pulando na minha frente com suas máscaras do carnaval de Veneza.
Há muito a descobrir. Todos eles estão encerrados em portas distintas nesse
correr do meu mundo interior, onde preciso habitar por pequenos ou grandes
espaços de tempo. Para alguns já abri algumas portas, para outros fiz questão
de fechá-las, pois o cinismo e a falta de caráter me estimulam a nada dividir.
E todo este tempo imerso em meu mundo particular é o que
impede o tempo de me afetar. Sou atemporal, tive que aceitar isso afinal de
contas. E como mostrar isso a todos? Como ser compreendido em um mundo onde
tudo deve ser tão exposto? Muitos escritores, pintores, diretores, fotógrafos,
músicos, dançarinos entre outros artistas têm a chave: a arte. É chegada a hora
de por fim ao amadorismo e apostar no talento.
Hoje dividi com quem leu esse texto um pouco do meu mundo
interior. Uma das diversas portas do imenso corredor, aquela que mostra o que
porque me mantenho segura tão minha jovialidade, meu “Young Blood”, meu desejo
de liberdade e de vida, e que me mantém livre de qualquer destruição: O
Aprendizado.
E vocês, o que aprenderam?
Domingo, 22 de julho de 2012, ao som de Young Blood – The
Naked And Famous
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Em Algum Lugar
Em algum lugar alguém sujou as paredes de um ônibus com seu
amor por mim, acordou de manhã saltitante, olhou o celular com uma foto e saiu
sorridente e saltitante.
Depois de um tempo fez planos, ouviu músicas, redecorou
espaços, ocupou um lugar não muito calmo.
Me conheceu e me desconheceu ao mesmo tempo.
Um dia me surpreendeu ao compor uma música, ao ter uma vitória
e ao me transportar de vez para seu sonho, em uma viagem de carro, as estradas
sem fim, sem destino.
Seguindo por uma estrada de tijolos amarelos, em direção a uma
galáxia onde o amor era mais que cósmico, onde as estrelas caiam como chuvas, e
podiam ser pegas com as duas mãos, pulsavam como corações.
Nesse lugar surgiu uma árvore que era nossa, com dois pulmões
gravados em seu caule. Era o lugar onde reinava a magia. Colheu flores, trouxe
um panda, um macaco e um labrador para o castelo que tínhamos construído.
Mas era um sonho, que só um tinha forças para sustentar. E
assim fica um peso, enquanto o outro reconheceu que não tinha mais forças,
acreditou que aquele mundo era irreal então assim ele se tornou irreal.
O inverso poderia ter ocorrido, não há culpados, há apenas
feridos.
Então percebi que era hora de sair, de acordar.
Peguei minha espada de guerreiro, com a qual lutei terríveis
batalhas, tanto em sonhos quanto em pesadelos e abri uma brecha no sonho.
Foi quando o outro alguém disse ainda ter um presente, uma última
de suas fabulosas frases.
“Sem coelho, não há Alice” As palavras vieram flutuando para
minha mão esquerda, e pousaram suavemente, enquanto eu as absorvia para dentro
da minha alma esqueci de retirar mão que ainda estava na área dos sonhos, e a
abertura se fechou.
Com o fim deste mundo, foi-se minha mão de guerreiro.
Hei de aprender a lutar novamente, a construir outra espada,
a usar a mão esquerda para empunhar outras espadas, em outras guerras.
Mas a frase, essas palavras se somaram à minha alma, à minha
esperança, à minha eterna inocência que nunca me desampara, com elas tenho um
novo brilho de alguém que hoje ficou em outro mundo, que foi pras outras
terras, mas que nunca, nunca irá ser esquecido.
E o que me importa todas as batalhas, se em algum lugar
temos uma árvore?
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Por Que A Pressa?
Você já viajou tão depressa, voando por essa estada da vida, sem prestar atenção na paisagem que transcorria ao seu redor. Não percebeu a beleza daquele ipê florido, daquela casinha no alto da colina, nem sequer se indagou se quem vivia lá tinha planos para a vida.
Acalme –se e não pense em se formar de imediato. Olha aquela pauta que você teve que refazer, ou aquele projeto perdido entre lápis e pranchetas. Preste atenção nesses pincéis sujos de tinta, um vermelho encostado perto de outro azul, os dois quase estão manchando a pintura que está a trabalhar. Pegue sua câmera, fotografe. Aproveite esse momento como único. Um dia sentirás falta desta época de produção intensa, se não fores forte o suficiente para continuar produzindo.
Ainda é segunda – feira. Tome nota de tudo que a semana pode oferecer os sorrisos e os bons dias dos desconhecidos, o sorriso das crianças. Um banho quente e demorado. O reconhecimento por um trabalho bem feito. Afinal, é durante a semana que acontecem os sonhos, momentos delicados que poucos sabem apreciar, e talvez nos fins de semana eles desçam do alto pedestal onde se encontram para alegrar – te um pouco mais. Então, deixe de implorar logo de imediato pela sexta – feira.
Abandone essa pressa das pessoas. Deixe que elas te contem sobre suas vidas. Leve em consideração o abraço que elas lhe dão, a segurança e confiança que depositam em você. Lembre –se de quem lhe ajudou a caminhar quando seus pés estavam machucados, que segurou sua mão durante o primeiro dia do ano e fez uma promessa ao quebrar uma garrafa de bebida, um ato simbólico, claro, mas sentimentos nunca são. Abra os olhos e deixe –os focar nessas pessoas. Crer mais, duvidar menos. Permita – se ver o quão especial pode ser a visão de mundo que outra pessoa pode oferecer, e a felicidade que pode surgir quando abrir o presente que ela está prestes a oferecer. Não posso contar qual é esse presente neste texto, ainda é uma surpresa.
Recorde – se desse tempo onde tudo parece difícil, e verás que essa pressa por sair desta situação apenas dificulta a evolução. Chegar ao podium com maiores sacrifícios é que nos torna homens de verdade, providos de um bom caráter. Boas intenções apenas não bastam, temos que ter garra, fé, coragem. Chorar é permitido, por minutos, apenas. Devemos erguer a cabeça e dizer: “É isso que me faz crescer”.
A pressa rouba os instantes, alimentando com importância problemas ínfimos. Sem a azáfama do dia a dia percebemos com maior clareza a beleza da efemeridade das horas, onde o vento balança suavemente os galhos de uma árvore, quando flores desabrocham e as sementes voam sem destino, alegres e suaves.
Quando eliminamos essa afobação sorrisos são eternizados, sentimos a energia plena de um toque de mãos o quando um coração pulsando junto a outro durante um abraço, o carinho dos lábios no decorrer de um beijo.
Viva o dia, e também a vida, sem essa fadiga que nos rouba o ar. Segure bem forte estes momentos belos, guarde - os dentro de sua alma, para quando fores mais velho possa dizer: “Aquele momento durou uma vida toda, eu não tinha pressa de sair daquele sonho”.
Ao som de Holocene - Bon Iver
sábado, 24 de dezembro de 2011
Sonhei Com Todos Meus Amigos
Sonhei que estava em um avião e todos meus amigos estavam comigo. Uma viagem para não sei onde, para que lugar, mas era tudo bem real e apreciativo.
Em uma poltrona estava um amigo de adolescência, em outra de juventude, mais a frente um mais recente, desta nova fase de minha vida e em outra poltrona mais um amigo e assim por todo o avião...
Acordei querendo abraçar a todos. Aquele amigo que se mudou pro Velho Mundo e a distância apenas intensificou o que era pra amenizar, aquele amigo que me ajudava com as tarefas de casa e que a distância realmente amenizou os contatos.
Me questionaram quando disse a um amigo, ontem, antes do sonho “Estou com saudades de você.” “ Isso é clima de final de ano?”
Por conta disso passei o dia me indagando: O que leva as pessoas a ficarem mais emotivas nessas datas?
Acredito que comércio com toda sua campanha e TV com sua influência massiva até podem ajudar. Mas em muitos casos, nessa época, as pessoas entram em recesso no trabalho, muitos de férias do mesmo e dos estudos. Adquirir um pouco de independência dessa vida veloz, permitindo se dedicar com mais tempo e sem preocupações para aquelas pessoas que nos ajudaram na caminhada por um determinado período, ou que ainda estão ali de mãos dadas com você.
Às vezes tenho que conviver com essas vontades não realizadas, esse esperar contínuo por coisas simples, tal como um abraço, uma vez que o ser humano não inventou o teletransporte, mas já que esse conceito existe na mente do homem, um dia ele o criará e nesse dia não apenas eu, mas todos poderão suprir essa vontade crescente dentro de si.
Abraçar; é encostar um coração no outro * Rita Apoena
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Nova
Nova. Fotografia, 2011.
No amanhecer e entardecer que sou mais feliz. Aquela luz brilhante das primeiras horas do dia me traz esperança de um novo começo, enquanto aquela luz diáfana e tênue do fim de tarde me acalenta, me ofertando o abraço que desejo e nunca tenho.
Estas duas luzes me libertam desta prisão, onde as paredes cheias de espinhos se movem, pressionando este singelo coração.
Quando as vejo no horizonte respiro fundo, me perco novamente em novas esperanças, em novos desenhos, em novas inspirações, em sorrisos de Blake Lively...
E com isso trilho meus caminhos, simples, todavia tortuosos. Ora me encontro, me contorço e grito. Ora me reinvento, me admiro e produzo.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Eu, Bailarino das Nuvens
Estas mãos de fogo ainda me tocam
Ruas sombrias onde corações ecoam
Eu, Bailarino das Nuvens
Corda bamba pelo vento inquieta
Passagem insegura tal flor sem pétala
Eu, Bailarino das Nuvens
Então os sussurros sangram
Vento da insegurança, fibras balançam
Eu, Bailarino das Nuvens
Um beijo soa em meus cílios
O deserto de meu desejo agora rios
Eu, Bailarino das Nuvens
Uma estrela cadente sem morrer
Olhos colados para não perder
Eu, Bailarino das Nuvens
Corda ligando prédios nas alturas
Talvez uma queda, hematomas, fraturas
Eu, Bailarino das Nuvens
Alguns centímetros, um giro e um sapateio
Alguns sorrisos, um abraço e um devaneio
Eu, Bailarino das Nuvens
Passagem entre ar de algodão
Traz encanto ao palácio da emoção
Eu, Bailarino das Nuvens
Na corda bamba rio do perigo
Ainda me pergunto por que insisto
Eu, Bailarino das Nuvens
29 de setembro de 2011, 00:04 ao som de Placebo – Happy You’re Gone