terça-feira, 14 de agosto de 2012


HAPPINESS


Acordar de manhã, sem ânimo e com um pouco de tristeza, os olhos ainda pesados e sonolentos, foi quando passou por mim, na rodovia, um caminhão imenso, com uma mercadoria coberta por uma lona vermelha, e nela estava escrita a primeira palavra que vi aquele dia: HAPPINESS. Sorri para ela e segui meu caminho.

Seria uma mensagem do universo? Não sei responder, apenas que me dei conta que era apenas a primeira palavra do dia, carregada de vitalidade e que me roubara um sorriso tímido. 

Por quantos caminhos diferentes aquela “Felicidade” havia passado? Será que o homem que trabalhava em sua lavoura viu esta palavra? Outra questão que não sei responder, mas garanto que aquelas crianças, que brincavam sob um ipê amarelo em flor, viram essa palavra deslizar pela estrada e sumir pelas montanhas capixabas, resguardadas por aquele cálido pôr-do-sol de inverno.

E quais as palavras que alguém enxerga pela manhã? Algumas pessoas acordam, ligam seus computadores e logo vêem “Windows”, um janela para outro mundo, distante e próximo ao mesmo tempo.Outras vêem a campanha política em frente suas janelas, essas promessas de administrar a vida pública, promessas são válidas, desde quando não se tornam compromissos. Outras pessoas vêem marcas de celulares, já que eles são seus despertadores... um longo adeus aos velhos e barulhentos despertadores com seus relógios analógicos... outras acordam e não vêem apenas uma palavra, mas sim muitas, são escritoras natas..

Quanto a mim, algo mudou definitivamente, a alma ficou mais leve, porém reflexiva. Se que agora ao acordar todos os dias prestarei mais atenção à palavra do dia, ao que essa força vital quer sussurrar aos meus ouvidos, e qual caminho deve seguir. Quantas mensagens nos são direcionadas e nem sequer estamos com os portões da alma abertos para elas. 

E quanto a HAPPINESS? Bem, ela seguiu seu destino, espero que seja uma linda cidade do interior, onde as pessoas viviam calmamente, e onde transforme os salgueiros-chorões em salgueiros-lutadores.

HAPPINESS é constante e nem um pouco inerte, palavra móvel esta que seguiu caminho e espero que a muitos tenha contaminado, roubando sorrisos, beijos e promessas de dias coloridos. 










domingo, 22 de julho de 2012


                                         Young Blood


Às vezes o mundo exige de mim uma maturidade que eu sei que não tenho. Então me questiono sobre qual a idade que realmente tenho, e sobre o que aprendi durante todo este tempo.

 O que os anos realmente trazem? Posso dizer que eles aumentam meu mudo interior, cada dia mais e mais coisas se agregam a ele, e em certos momentos eu preciso navegar por seus mares e desbravar suas florestas. Preciso de um tempo onde possa ouvir minha própria voz interior. Sempre foi assim, eu um anarquista de idade real e do tempo.

A vida nos dá mais questionamentos do que respostas, e isso não mudará.  E assim paro para tentar soluciona-los e o tempo passa por mim. As pessoas se casam e tem filhos, perdem seus cabelos por algum tipo de cansaço, adquirem rugas de sofrimento, ganham uma má forma, pois não caminham, não se exercitam, andam apenas de carro. Têm seus empregos perfeitos, dinheiro para viajar e adquirir bens materiais e deixam de almejar as coisas, às vezes deixam de sonhar. E definitivamente, eu não sou assim. Minha alma investigadora, minha alma de artista e de sonhador nunca se contenta com a inércia. Sendo assim, por onde ando carrego comigo essa impressão de deslocamento.

Repostas são duras de encontrar, são enterradas pela vida como diamantes preciosos. Mas quanto mais escondidas estas pedras preciosas, mas este pirata quer tê-las pra si. Posso dizer que até hoje encontrei aprendizados.

O que aprendi nesses anos todos? Na verdade aprendi a ser compreensivo, o que é um grande feito, saber ler e reler este livro profundo que é a vida. Hoje sou capaz de definir certas coisas das quais antes não tinha ciência.

Aprendi que alguns amigos se vão pra nunca mais voltar, outros você irá brigar sempre e perdoar, e há aqueles que você não fala há muito tempo, mas te tratam como se tivessem te visto ontem, esses são meus favoritos. Aprendi a aceitar o tempo de cada um deles, que não se comunicar sempre não quer dizer que alguém não esteja no coração, às vezes pode estar mais que antes. Exigir atenção sempre é sinal de egoísmo para compensar um medo interno da solidão, uma incerteza de lidar com os próprios problemas e com a realidade sufocante.  

Aprendi que família é uma espécie de porto, esperando os barcos que vêm e vão, sobrevivendo às mais diversas tempestades, mas eles que permanecem ali. Atracadouros de nossa existência.

Aprendi que os amores são efêmeros, há não ser os de alma. Cada um deles uma estrela, sem uma grande quantidade delas a noite perde sua beleza, mas há aquela estrela que cai, outra que brilha mais forte e depois se apaga, e a outra que continua a emitir sua luz por anos e anos.

Aprendi que tentar vale mais que tudo. Tristes almas que não sabem ver isso, logo se cansam, acham a vida pesada de demais e logo comentem o maior ato de covardia: o suicídio.

Aprendi que a vida nunca será fácil, ela nos lapida, selecionando os melhores e mais fortes. Afinal cada dia é um milagre já que muito pode nos ocorrer. Corro riscos todos os dias ao levantar da cama. E com essa seleção muitos perdem a capacidade de sonhar, perdem o brilho no olhar que tinham quando crianças. Aos poucos perdemos nossa inocência, isto é inevitável, nascemos com ela, mas a perdemos tal como virgindade de sexo. Ficamos mais espertos cada um a seu jeito, mas a ternura do olhar não deve nunca fugir pelos caminhos percorridos, deve ficar a espera confiante e certa, tal como as crianças esperam pelo Bom Velhinho na noite de Natal.

Aprendi que é normal do ser humano julgar e ser julgado. Que não importa o que você faça, o quanto se esforce por algo, haverá sempre aquele que esconderá sua incapacidade de fazer o mesmo, ou melhor, sob uma parede de palavras duras, sórdidas, espinhos que sangram a mão de quem carrega uma rosa.

Aprendi que há uma força superior. Algo que nos impulsiona por esta jornada, que nos proporciona as vivências que temos que ter. Cada cultura na Terra tenta lhe definir, mas é algo maior demais para ser contida em uma palavra ou conceito advindo de nós seres tão limitados.

Talvez sejam esses aprendizados as respostas que busco, algumas delas. Pulando na minha frente com suas máscaras do carnaval de Veneza. Há muito a descobrir. Todos eles estão encerrados em portas distintas nesse correr do meu mundo interior, onde preciso habitar por pequenos ou grandes espaços de tempo. Para alguns já abri algumas portas, para outros fiz questão de fechá-las, pois o cinismo e a falta de caráter me estimulam a nada dividir.

E todo este tempo imerso em meu mundo particular é o que impede o tempo de me afetar. Sou atemporal, tive que aceitar isso afinal de contas. E como mostrar isso a todos? Como ser compreendido em um mundo onde tudo deve ser tão exposto? Muitos escritores, pintores, diretores, fotógrafos, músicos, dançarinos entre outros artistas têm a chave: a arte. É chegada a hora de por fim ao amadorismo e apostar no talento.

Hoje dividi com quem leu esse texto um pouco do meu mundo interior. Uma das diversas portas do imenso corredor, aquela que mostra o que porque me mantenho segura tão minha jovialidade, meu “Young Blood”, meu desejo de liberdade e de vida, e que me mantém livre de qualquer destruição: O Aprendizado.

E vocês, o que aprenderam?



Domingo, 22 de julho de 2012, ao som de Young Blood – The Naked And Famous 





quinta-feira, 7 de junho de 2012


                                          Em Algum Lugar


Em algum lugar alguém sujou as paredes de um ônibus com seu amor por mim, acordou de manhã saltitante, olhou o celular com uma foto e saiu sorridente e saltitante.

Depois de um tempo fez planos, ouviu músicas, redecorou espaços, ocupou um lugar não muito calmo.

Me conheceu e me desconheceu ao mesmo tempo.

Um dia me surpreendeu ao compor uma música, ao ter uma vitória e ao me transportar de vez para seu sonho, em uma viagem de carro, as estradas sem fim, sem destino.

Seguindo por uma estrada de tijolos amarelos, em direção a uma galáxia onde o amor era mais que cósmico, onde as estrelas caiam como chuvas, e podiam ser pegas com as duas mãos, pulsavam como corações.

Nesse lugar surgiu uma árvore que era nossa, com dois pulmões gravados em seu caule. Era o lugar onde reinava a magia. Colheu flores, trouxe um panda, um macaco e um labrador para o castelo que tínhamos construído.

Mas era um sonho, que só um tinha forças para sustentar. E assim fica um peso, enquanto o outro reconheceu que não tinha mais forças, acreditou que aquele mundo era irreal então assim ele se tornou irreal.

O inverso poderia ter ocorrido, não há culpados, há apenas feridos.

Então percebi que era hora de sair, de acordar.

Peguei minha espada de guerreiro, com a qual lutei terríveis batalhas, tanto em sonhos quanto em pesadelos e abri uma brecha no sonho.

Foi quando o outro alguém disse ainda ter um presente, uma última de suas fabulosas frases.

“Sem coelho, não há Alice” As palavras vieram flutuando para minha mão esquerda, e pousaram suavemente, enquanto eu as absorvia para dentro da minha alma esqueci de retirar mão que ainda estava na área dos sonhos, e a abertura se fechou.

Com o fim deste mundo, foi-se minha mão de guerreiro.

Hei de aprender a lutar novamente, a construir outra espada, a usar a mão esquerda para empunhar outras espadas, em outras guerras.

Mas a frase, essas palavras se somaram à minha alma, à minha esperança, à minha eterna inocência que nunca me desampara, com elas tenho um novo brilho de alguém que hoje ficou em outro mundo, que foi pras outras terras, mas que nunca, nunca irá ser esquecido.

E o que me importa todas as batalhas, se em algum lugar temos uma árvore?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

                                           Por Que A Pressa?

         Você já viajou tão depressa, voando por essa estada da vida, sem prestar atenção na paisagem que transcorria ao seu redor. Não percebeu a beleza daquele ipê florido, daquela casinha no alto da colina, nem sequer se indagou se quem vivia lá tinha planos para a vida.
 

         Acalme –se e não pense em se formar de imediato. Olha aquela pauta que você teve que refazer, ou aquele projeto perdido entre lápis e pranchetas. Preste atenção nesses pincéis sujos de tinta, um vermelho encostado perto de outro azul, os dois quase estão manchando a pintura que está a trabalhar. Pegue sua câmera, fotografe. Aproveite esse momento como único. Um dia sentirás falta desta época de produção intensa, se não fores forte o suficiente para continuar produzindo.
 

        Ainda é segunda – feira. Tome nota de tudo que a semana pode oferecer os sorrisos e os bons dias dos desconhecidos, o sorriso das crianças. Um banho quente e demorado. O reconhecimento por um trabalho bem feito. Afinal, é durante a semana que acontecem os sonhos, momentos delicados que poucos sabem apreciar, e talvez nos fins de semana eles desçam do alto pedestal onde se encontram para alegrar – te um pouco mais. Então, deixe de implorar logo de imediato pela sexta – feira.
 

        Abandone essa pressa das pessoas. Deixe que elas te contem sobre suas vidas. Leve em consideração o abraço que elas lhe dão, a segurança e confiança que depositam em você. Lembre –se de quem lhe ajudou a caminhar quando seus pés estavam machucados, que segurou sua mão durante o primeiro dia do ano e fez uma promessa ao quebrar uma garrafa de bebida, um ato simbólico, claro, mas sentimentos nunca são. Abra os olhos e deixe –os focar nessas pessoas. Crer mais, duvidar menos. Permita – se ver o quão especial pode ser a visão de mundo que outra pessoa pode oferecer, e a felicidade que pode surgir quando abrir o presente que ela está prestes a oferecer. Não posso contar qual é esse presente neste texto, ainda é uma surpresa.
 

        Recorde – se desse tempo onde tudo parece difícil, e verás que essa pressa por sair desta situação apenas dificulta a evolução. Chegar ao podium com maiores sacrifícios é que nos torna homens de verdade, providos de um bom caráter. Boas intenções apenas não bastam, temos que ter garra, fé, coragem. Chorar é permitido, por minutos, apenas. Devemos erguer a cabeça e dizer: “É isso que me faz crescer”.
 

        A pressa rouba os instantes, alimentando com importância problemas ínfimos. Sem a azáfama do dia a dia percebemos com maior clareza a beleza da efemeridade das horas, onde o vento balança suavemente os galhos de uma árvore, quando flores desabrocham e as sementes voam sem destino, alegres e suaves. 

       Quando eliminamos essa afobação sorrisos são eternizados, sentimos a energia plena de um toque de mãos o quando um coração pulsando junto a outro durante um abraço, o carinho dos lábios no decorrer de um beijo.
 

       Viva o dia, e também a vida, sem essa fadiga que nos rouba o ar. Segure bem forte estes momentos belos, guarde - os dentro de sua alma, para quando fores mais velho possa dizer: “Aquele momento durou uma vida toda, eu não tinha pressa de sair daquele sonho”.




Ao som de Holocene - Bon Iver




sábado, 24 de dezembro de 2011


Sonhei Com Todos Meus Amigos


Sonhei que estava em um avião e todos meus amigos estavam comigo. Uma viagem para não sei onde, para que lugar, mas era tudo bem real e apreciativo.
Em uma poltrona estava um amigo de adolescência, em outra de juventude, mais a frente um mais recente, desta nova fase de minha vida e em outra poltrona mais um amigo e assim por todo o avião...

Acordei querendo abraçar a todos. Aquele amigo que se mudou pro Velho Mundo e a distância apenas intensificou o que era pra amenizar, aquele amigo que me ajudava com as tarefas de casa e que a distância realmente amenizou os contatos.
Me questionaram quando disse a um amigo, ontem, antes do sonho “Estou com saudades de você.” “ Isso é clima de final de ano?”  

Por conta disso passei o dia me indagando: O que leva as pessoas a ficarem mais emotivas nessas datas?

Acredito que comércio com toda sua campanha e TV com sua influência massiva até podem ajudar. Mas em muitos casos, nessa época, as pessoas entram em recesso no trabalho, muitos de férias do mesmo e dos estudos. Adquirir um pouco de independência dessa vida veloz, permitindo se dedicar com mais tempo e sem preocupações para aquelas pessoas que nos ajudaram na caminhada por um determinado período, ou que ainda estão ali de mãos dadas com você.

Às vezes tenho que conviver com essas vontades não realizadas, esse esperar contínuo por coisas simples, tal como um abraço, uma vez que o ser humano não inventou o teletransporte, mas já que esse conceito existe na mente do homem, um dia ele o criará e nesse dia não apenas eu, mas todos poderão suprir essa vontade crescente dentro de si.

Abraçar; é encostar um coração no outro * Rita Apoena

segunda-feira, 10 de outubro de 2011


Nova


 Nova. Fotografia, 2011.

No amanhecer e entardecer que sou mais feliz. Aquela luz brilhante das primeiras horas do dia me traz esperança de um novo começo, enquanto aquela luz diáfana e tênue do fim de tarde me acalenta, me ofertando o abraço que desejo e nunca tenho.

Estas duas luzes me libertam desta prisão, onde as paredes cheias de espinhos se movem, pressionando este singelo coração.

Quando as vejo no horizonte respiro fundo, me perco novamente em novas esperanças, em novos desenhos, em novas inspirações, em sorrisos de Blake Lively...

           E com isso trilho meus caminhos, simples, todavia tortuosos. Ora me encontro, me contorço e grito. Ora me reinvento, me admiro e produzo.




quinta-feira, 29 de setembro de 2011


Eu, Bailarino das Nuvens

Estas mãos de fogo ainda me tocam
Ruas sombrias onde corações ecoam
Eu, Bailarino das Nuvens

Corda bamba pelo vento inquieta
Passagem insegura tal flor sem pétala
Eu, Bailarino das Nuvens

Então os sussurros sangram
Vento da insegurança, fibras balançam
Eu, Bailarino das Nuvens

Um beijo soa em meus cílios
O deserto de meu desejo agora rios
Eu, Bailarino das Nuvens

Uma estrela cadente sem morrer
Olhos colados para não perder
Eu, Bailarino das Nuvens

Corda ligando prédios nas alturas
Talvez uma queda, hematomas, fraturas
Eu, Bailarino das Nuvens

Alguns centímetros, um giro e um sapateio
Alguns sorrisos, um abraço e um devaneio
Eu, Bailarino das Nuvens

Passagem entre ar de algodão
Traz encanto ao palácio da emoção
Eu, Bailarino das Nuvens

Na corda bamba rio do perigo
Ainda me pergunto por que insisto
Eu, Bailarino das Nuvens



29 de setembro de 2011, 00:04 ao som de Placebo – Happy You’re Gone