terça-feira, 10 de janeiro de 2012

                                           Por Que A Pressa?

         Você já viajou tão depressa, voando por essa estada da vida, sem prestar atenção na paisagem que transcorria ao seu redor. Não percebeu a beleza daquele ipê florido, daquela casinha no alto da colina, nem sequer se indagou se quem vivia lá tinha planos para a vida.
 

         Acalme –se e não pense em se formar de imediato. Olha aquela pauta que você teve que refazer, ou aquele projeto perdido entre lápis e pranchetas. Preste atenção nesses pincéis sujos de tinta, um vermelho encostado perto de outro azul, os dois quase estão manchando a pintura que está a trabalhar. Pegue sua câmera, fotografe. Aproveite esse momento como único. Um dia sentirás falta desta época de produção intensa, se não fores forte o suficiente para continuar produzindo.
 

        Ainda é segunda – feira. Tome nota de tudo que a semana pode oferecer os sorrisos e os bons dias dos desconhecidos, o sorriso das crianças. Um banho quente e demorado. O reconhecimento por um trabalho bem feito. Afinal, é durante a semana que acontecem os sonhos, momentos delicados que poucos sabem apreciar, e talvez nos fins de semana eles desçam do alto pedestal onde se encontram para alegrar – te um pouco mais. Então, deixe de implorar logo de imediato pela sexta – feira.
 

        Abandone essa pressa das pessoas. Deixe que elas te contem sobre suas vidas. Leve em consideração o abraço que elas lhe dão, a segurança e confiança que depositam em você. Lembre –se de quem lhe ajudou a caminhar quando seus pés estavam machucados, que segurou sua mão durante o primeiro dia do ano e fez uma promessa ao quebrar uma garrafa de bebida, um ato simbólico, claro, mas sentimentos nunca são. Abra os olhos e deixe –os focar nessas pessoas. Crer mais, duvidar menos. Permita – se ver o quão especial pode ser a visão de mundo que outra pessoa pode oferecer, e a felicidade que pode surgir quando abrir o presente que ela está prestes a oferecer. Não posso contar qual é esse presente neste texto, ainda é uma surpresa.
 

        Recorde – se desse tempo onde tudo parece difícil, e verás que essa pressa por sair desta situação apenas dificulta a evolução. Chegar ao podium com maiores sacrifícios é que nos torna homens de verdade, providos de um bom caráter. Boas intenções apenas não bastam, temos que ter garra, fé, coragem. Chorar é permitido, por minutos, apenas. Devemos erguer a cabeça e dizer: “É isso que me faz crescer”.
 

        A pressa rouba os instantes, alimentando com importância problemas ínfimos. Sem a azáfama do dia a dia percebemos com maior clareza a beleza da efemeridade das horas, onde o vento balança suavemente os galhos de uma árvore, quando flores desabrocham e as sementes voam sem destino, alegres e suaves. 

       Quando eliminamos essa afobação sorrisos são eternizados, sentimos a energia plena de um toque de mãos o quando um coração pulsando junto a outro durante um abraço, o carinho dos lábios no decorrer de um beijo.
 

       Viva o dia, e também a vida, sem essa fadiga que nos rouba o ar. Segure bem forte estes momentos belos, guarde - os dentro de sua alma, para quando fores mais velho possa dizer: “Aquele momento durou uma vida toda, eu não tinha pressa de sair daquele sonho”.




Ao som de Holocene - Bon Iver