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Amy Winehouse - (Londres, 14 de setembro de 1983 — Londres, 23 de julho de 2011)
Há tanto que sentimentos que pode ser dito por outras pessoas. Nunca seremos os mesmos depois de nos unirmos intimamente a letras escritas em momentos de emoção entorpecente.
Letra de quem um dia foi traído, e que sentou e escreveu uma música, de quem deixou seu amor partir, e que sentou e escreveu uma música, de quem foi reprimido por expressar sua personalidade de fera, e que sentou e escreveu uma música, de quem um dia teve o rosto coberto por lágrimas negras, e que sentou e escreveu uma música.
Vivemos essa vida intensa, pesada, de pedra, onde nossa personalidade polêmica pode gerar mais ganhos que nossa habilidade artística, simplesmente porque a mídia e a indústria cultural enfiam seus dutos em nossa veia, nos sugam, nos roubam a inspiração, transformando tudo em dinheiro, lucros e índices de audiência.
Como fugir de tudo isso? Só um pouco de paz, um pouco de recuo e um pouco de doença. Doença do espírito, doença quase incurável que nos alcança como um lobo a uma lebre, que poderia afligir qualquer um, consumir em segundos o mais puro e doce coração. E um desses corações, que afirmava não ser bom por inteiro, hoje deixou de pulsar.
Há algo atemporal que imortaliza o mais simples do ser, a música. Essa arte maior que a todos encanta. Fazendo-nos sorrir e chorar, nos embalando nos abraços enamorados, em nossas brigas homéricas ou naquele momento de fossa, quando você acende o cigarro, coloca a mão na cabeça e pensa “não há retorno”.
Você que muito sentiu, viveu, produziu e por fim se perdeu, hoje deixou um vazio para muitos que recolheram pedacinhos de sua arte e tomaram-se para si, para curar suas próprias feriadas, para selar cartas de amor, para relembrar tempos passados.
Mas não é arte plena que você produziu? Arte quando produzida não pertence mais ao seu criador, mas sim aos seus apreciadores! Jogou essas sementes no ar, genes de sua imortalidade.
Partiu com um sorriso deboche pro mundo, com sua boca com pequenos vestígios de batom que se perdera em copos, de uma maquiagem borrada, veios escuros que secaram sozinhos, reflexos deformados da única saída que encontrou para a loucura de todas as coisas: viver veloz e intensamente.
Retirou-se dos Backstages da Vida e entrou para o Palco das Lendas.
Vá em paz!
Ao som de Tears Dry On Their Own