sábado, 30 de abril de 2011


Um Sambinha Com Carinho

Queria saber o que você está fazendo.
Apenas por carinho, não mais por amor
Há coisas em mim nascendo
No jardim da minha alma há uma nova flor

E quem diria
que sua rejeição
daria liberdade e alegria
ao meu delicado coração

Há muito que aprendi a enterrar sob terra e pás
Ando percorrendo caminhos fora da emoção
Para meu destino horóscopo, tarot e orixás
Se dizem que choro, são intrigas da oposição

E quem diria
que sua rejeição
daria liberdade e alegria
ao meu delicado coração

Meus desenganos são mera tempestade
O azul surge, o sol sempre sorri
O melhor desta história é a saudade
E os amores que ainda não vivi

E quem diria
que sua rejeição
daria liberdade e alegria
ao meu delicado coração

Queria saber o que você está fazendo.
Apenas por carinho, não mais por amor
Minha esperança está crescendo
Não tenho quebrantos, não sei o que é dor.

E quem diria
que sua rejeição
daria liberdade e alegria
ao meu delicado coração









sexta-feira, 29 de abril de 2011

Das Confusões

Pintei um poema ou escrevi um quadro? 


A Cada Pincelada Uma Expectativa


Quando a dor parte, sorrio para as expectativas.
Expectativas sem rosto, sem cor, sem perspectiva,
Mas que não chegam a ser dadaístas, expectativas impressionistas,
Feitas para romper com os padrões acadêmicos
Projetadas para serem contempladas à distância

Expectativas de novos sorrisos enigmáticos,
Que não se deixam revelar por completas, entremeadas pelo claro/escuro barroco.
Imperfeitas sempre, pois só na abstração platônica são plenas,
Potencializadas pelo absinto e o tabaco, pairam funestas como os tons tóxicos de azul

Irmã gêmea da Inspiração, não me levará a cortar a orelha.
E não nem tão pouco me retratar como uma mexicana de amor na testa e rio nos olhos.
Apenas me confortará como uma manta colorida que cobre um casal de amantes,
Ou me concederá o semblante inocente de um Pierrot inacabado que fugiu do cubismo.

Estou nesta tela branca em que as expectativas estão a pincelar.
Em pouco tempo um novo mundo de símbolos semióticos.
O crítico prostrado diante de minha realidade complexa já se admira
Leiloado serei, novas mãos e novos donos.
Quando as expectativas partirem, sorrirei para meus admiradores ceifados pela Síndrome de Stendhal.

Estarei novamente sozinho na imensidão desta galeria da arte passional
A dor chegará e mostrarei minhas presas de marfim, em pouco tempo fugirá.
As expectativas regressarão, velhas conhecidas, já não me produzem nada.
Já sou obra pronta, agora servirei de base para estudos de escolas futuras.
Tema para novas criações, almas novas de onde a dor escapou e as expectativas se infiltraram.


Último retoque às 01: 30 da manhã deste dia.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eles Herdarão a Terra dos Sentimentos




Yann Tiersen, Canceriano desde 1970

Quero de Volta

Quero de volta minha felicidade.
Que correu quando me descuidei.
Felicidade de quando exorcizei por completo o cheiro do outro.
Cheiro passado, cheiro quente, de insanidade aliada à impulsividade.

Quero a felicidade contemplativa que fugiu quando eu observava um pássaro.
Quando me deixei levar pela música e senti um novo cheiro.
Quando me deixei dominar pelo frescor de outra pele, da tua em cor rosa;
Quero a felicidade que foi roubada pelo seu júbilo pueril.

Quero minha felicidade que caiu no precipício dos sonhos mútuos.
Quando minha boca ávida por beijos se perdeu na sua descontrolada de carinho.
Quando os dentes se tocaram e quando as mãos se uniram como se o dia e a noite não existissem.

Quero a felicidade de mergulhar na Terra do Nunca e não ver seu rosto em cada Garoto Perdido.
Quando você me fez voar ao pensar em coisas boas
Quero minha felicidade, solte-a de suas mãos e deixe – me com ela voar novamente.







De onde você tira inspiração?


A inspiração não é mediana, ela se encontra nos ápices sentimentais. Se queres produzir arte, saiba que terás que viver intensamente, só assim agarrarás esta dádiva que permite a produção, mas não penses que basta apenas se entregar a uma quantidade incomensurável de emoções e logo depois perdê-las.

Os verdadeiros criadores não se livram tão cedo de suas emoções, elas sacodem suas almas, como folhas em um remoinho, girando incessantemente sem um destino certo, até causar algo semelhante a uma reação química das mais poderosas, com raios e trovões no olho deste redemoinho.

Eis que surge a inspiração, advinda deste temporal sentimentalista, talvez ainda seja de origem divina, como afirmavam os gregos. Ela liberta o homem de suas emoções esvoaçantes através do caminho da arte. Um suspiro se transforma em poesia, uma alegria em canção, uma lágrima em melodia, uma inquietude em pintura, um anseio em texto.

Queres realmente produzir arte? Joga-te na vida, segure as emoções e esteja preparado para girar com elas pelos ermos anímicos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Das Saídas

Livro-me de uma paranóia ao alimentar outra.

Das Tentativas

Queremos sempre tocar em todas as flores, nesta hora ignoramos que elas podem esconder abelhas ferozes.
Acordei, literalmente.


Em algum momento você acorda pela manhã, literalmente, e pensa: acabou. Não compartilharei mais da sua alegria matinal, dos seus planos de vida, das suas tristezas, de suas observações sobre as músicas. É neste exato momento que você percebe que uma perda é para sempre, que criamos aquela frase “quem sabe um dia” apenas para nos confortar, dizeres como estes são pequenas frações de mentira necessárias para viver, até que o sentimento se dilua por completo, como uma pequena mancha de óleo na imensidão azul do oceano.
E enquanto esse anseio não esvanece, você passa a compreender completamente as canções que ouvia quando criança. 






A Little Respect - Erasure

I try to discover
A little something to make me sweeter
Oh baby refrain
From breaking my heart
I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
Why you're making me work so hard

That you give me no
That you give me no
That you give me no
That you give me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please
Give a little respect
To me

And if I should falter
Would you open your arms out to me
We can make love not war
And live at peace with our hearts
I'm so in love with you
I'll be forever blue
What religion or reason
Could drive a man to forsake his lover

Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please
Give a little respect
To me

I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
You know making me work so hard

That you give me no
That you give me no
That you give me no
That you give me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please (Give a little respect)
Give a little respect
To me
(Soul) I hear you calling
Oh baby please (Give a little respect)
Give a little respect
To me



Em algum lugar do espaço


Podes me chamar de fraco, mas é um crime rasgar ou apagar fotos. Não fui forte o suficiente, tremi quando me deparei com estes pedaços de tempo congelado, fatias de felicidade imortalizadas pela tecnologia. Elas registraram momentos felizes, porém efêmeros.
Não as apaguei. Reuni todas em uma cápsula, e esta foi para além dos limites do tempo, para ser guardada pela luz de uma estrela no espaço gelado e ermo. Penso que assim será mais fácil, ledo engano.
A cápsula agora está em algum lugar, talvez no mesmo recanto onde foi parar minha esperança, mas sei que elas existem e estão guardadas para um dia povoar novamente minha realidade, só não posso afirmar se é a cápsula ou a esperança.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Da Intensidade

Cheguei ao ponto de ser tão intenso que vivi um ano em quatro meses e um mês em quatro dias.

 Rabbit Heart



Se comunicar pela música é um talento raro. Conceder à melodia um ciclo de existência com nascimento, juventude e morte regadas a uma voz passional é uma inspiração das Musas, como diriam os antigos gregos. 

 


“ Se em sua música não houvesse tanta vida, minhas emoções não seriam tão rebeldes”

Luinwen "Olhos de Safira"


Estava a bela dama com caravana a viajar,
quando por obra do acaso se perdeu.
Por muito tempo a dama eldalië pôs-se a preocupar,
mas grande história se sucedeu.

Um dos Durin por não ter paciência em andar,
começou a correr
Ao passar pela dama viu uma beleza de encantar;
e outra que nunca poderia ter.
Luinwen " Olhos de Safira" iniciou o gargalhar,
pois nunca em vida tinha visto tal criatura.
Ele disse à dama que pelas cercanias estava a reinar.
Seria? Em trajos sujos, barba desgrenhada, hálito sulfuroso e sem altura?

O Rei Anão não teve outra reação a não ser se zangar.
De dama com cabelos de neve e olhos azuis o maldizer.
Em sua eloqüente glória, artimanhas de bravura, pôs-se a gavar.
Tal ato infame sem resposta não poderia ser.
Sou Durin! O que sempre volta com poder!
E quem és tu? De olhos preciosos e de fala feia?
Que com brilho de safira faz minha raiva conter,
Como vaga-lume preso por aranha em teia.

Luinwen! "Olhos de Safira", pelos Valar amada!
Perdi-me de minha caravana e comecei a vagar.
E de muita verdade sempre fui dotada.
Camponês, comerciante, anão ou elfo, nunca me impediram de falar.
Então, em tua presença não hei de perder,
pois orcs, dragões e bruxos venci com coragem no peito.
Rei que todos nunca irão de esquecer,
de tratar com devido respeito.

Cabeça oca, hálito de dragão, barba de musgo com insetos a bailar.
Não há como esconder as evidências.
É por temor que seus servos não querem confessar,
já que te aturam até as flatulências.

De todas as ofenças essa era a pior para se aceitar.
Luinwen acabou sendo traída pelo encanto que a protegia
Num misto de fúria e atração Durin estava a desembainhar,
a adaga que roubaria o azul, deixando-lhe em agonia.
Os olhos dama se transformaram em lindas pedras.
O Rei Anão voltou ao palácio para os súditos comover.
As jóias mais caras seriam estas,
que ninguém de suas mãos poderia remover.

Preço justo havia sido pago.
O prêmio pelas injúrias na beleza há de cumprir.
Afim de comemorar de cada barril de cerveja tomou um trago.
Cansado deitou. Todavia muito estava por vir.

Da agonia pelos Valar, Luinwen foi curada.
Em seus olhos novo encanto estava a brilhar.
Da visão das Terras Imortais viu-se dotada.
Com isso foi em direção ao palácio para os olhos recuperar.

Passou por todos despercebida,
direto das mãos do rei esteve a realizar.
Colocou-os no lugar onde estiveram toda a vida.
E mais uma vez em frente do rei pôs-se a gargalhar.

Dias sem conta esteve Durin a procurar.
Em algum lugar devia tê-las perdido.
Ordenou aos anões que começassem a cavar.
Por gerações nada foi encontrado, a não ser o mais terrível alarido.

Esta canção foi encontrada por Gimli e Legolas quando estes, no final da Guerra do Anel, andaram por toda a Terra-Média e visitaram Moria. Gimli quis rasgar a canção, pois alegava ser de mau presságio e de zombaria para com seu povo. Já Legolas, conteve o amigo, quando criança, seu pai lhe contava a história das façanhas de Luinwen, uma das figuras notórias dos elfos cinzentos. Ele se lembrava de todas, pois eram suas favoritas, todas envolviam situações em que ela dizia a verdade, sem se importar com o sentimento alheio, o que na maioria das vezes, poderia ser retratado em situações cômicas, trágicas ou ambas. Ele guardou a canção, fazendo uma tradução para o Sindarim. Quando sua jornada terminou, partiu com seu amigo para as Terras Imortais, e logo procurou por Luinwen, entregou-lhe a canção, mais uma vez a dama pôs-se a rir do Rei Anão.

Letra: Eder Sallez.
Melodia: Letícia Simões
  Canção escrita em 30 de Agosto de 2007