quinta-feira, 7 de junho de 2012


                                          Em Algum Lugar


Em algum lugar alguém sujou as paredes de um ônibus com seu amor por mim, acordou de manhã saltitante, olhou o celular com uma foto e saiu sorridente e saltitante.

Depois de um tempo fez planos, ouviu músicas, redecorou espaços, ocupou um lugar não muito calmo.

Me conheceu e me desconheceu ao mesmo tempo.

Um dia me surpreendeu ao compor uma música, ao ter uma vitória e ao me transportar de vez para seu sonho, em uma viagem de carro, as estradas sem fim, sem destino.

Seguindo por uma estrada de tijolos amarelos, em direção a uma galáxia onde o amor era mais que cósmico, onde as estrelas caiam como chuvas, e podiam ser pegas com as duas mãos, pulsavam como corações.

Nesse lugar surgiu uma árvore que era nossa, com dois pulmões gravados em seu caule. Era o lugar onde reinava a magia. Colheu flores, trouxe um panda, um macaco e um labrador para o castelo que tínhamos construído.

Mas era um sonho, que só um tinha forças para sustentar. E assim fica um peso, enquanto o outro reconheceu que não tinha mais forças, acreditou que aquele mundo era irreal então assim ele se tornou irreal.

O inverso poderia ter ocorrido, não há culpados, há apenas feridos.

Então percebi que era hora de sair, de acordar.

Peguei minha espada de guerreiro, com a qual lutei terríveis batalhas, tanto em sonhos quanto em pesadelos e abri uma brecha no sonho.

Foi quando o outro alguém disse ainda ter um presente, uma última de suas fabulosas frases.

“Sem coelho, não há Alice” As palavras vieram flutuando para minha mão esquerda, e pousaram suavemente, enquanto eu as absorvia para dentro da minha alma esqueci de retirar mão que ainda estava na área dos sonhos, e a abertura se fechou.

Com o fim deste mundo, foi-se minha mão de guerreiro.

Hei de aprender a lutar novamente, a construir outra espada, a usar a mão esquerda para empunhar outras espadas, em outras guerras.

Mas a frase, essas palavras se somaram à minha alma, à minha esperança, à minha eterna inocência que nunca me desampara, com elas tenho um novo brilho de alguém que hoje ficou em outro mundo, que foi pras outras terras, mas que nunca, nunca irá ser esquecido.

E o que me importa todas as batalhas, se em algum lugar temos uma árvore?

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